sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

OS QUEQUES DO PATRONATO EM MANGUALDE


Ainda hoje sonho com os queques do patronato de Mangualde. Comia-os há mais de cinco décadas, quando era aluno do Colégio de S. José e Stª Maria.

Estou a vê-los (antes estivesse na sua presença!):  enormes, fofos, saborosos e a sair do forno. O seu aroma povoava o espaço, e era a nota introdutória, o despertar das papilas gustativas, a preparação das ditas para a recepção ímpar do ágape vindouro.

Mas se os bolos eram, só por, si um festival de doçaria, o que dizer do néctar com o qual os acompanhava? Era um vinho branco encorpado, um sumo delicioso e sujo, pouco alcoólico, mas divino e de fazer inveja ao próprio Baco.

O repasto tinha, no entanto, um pequeno senão: não ouvíamos o toque de entrada para as aulas, embora o patronato fosse mesmo em frente ao colégio.

Ao sairmos tínhamos à nossa espera o director, dr. José Alcântara, mais conhecido pelos alunos como Zeca, que distribuía democraticamente um cachaço a cada um. A seguir levava-nos às respectivas salas de aulas, aguardava que entrássemos e só depois se retirava, não fosse dar-nos a tentação de regressarmos ao paraíso gastronómico. Isto tudo porque tinham passado uns três minutinhos após o toque.

Tenho um vizinho que é da região de Mangualde e que me fala sempre nestes bolos e na sua excelência. Um destes dias ainda perco a vergonha e o proíbo de continuar a torturar-me.


Jorge C. Chora

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