sábado, 4 de março de 2017

A MORTE DO VELHO QUE AMAVA A POESIA


De luto não está a cidade
pela morte do velho
que amava a poesia
e bebia copos- de- três.
Os sinos não repicaram
a assinalar a sua morte
e poucos sentiram a falta
do Zé Ninguém
que amava a poesia
e bebia copos-de-três.
Amou quase toda a gente,
excepto os crápulas, os reles,
os vaidosos sem qualquer razão
para o serem,
os seres desprezíveis
e aproveitadores das
misérias humanas.
Está-se nas tintas
para quem ignora a sua morte
e paga-lhes na mesma moeda:
passa por eles deitado,
sem lhes ligar nenhuma,
o homem que amava a poesia
e bebia copos-de-três.
Morreu como viveu:
amando os que mereciam,
desprezando os que,
pouco ou nada valiam.

Jorge C. Chora

Sem comentários:

Enviar um comentário