Entrou no autocarro, viu uma senhora conhecida e sentou-se
ao seu lado. Conversador nato, falaram a propósito de tudo e de nada.
A viagem era longa e tiveram tempo de sobra, para trocarem
impressões. Quando o diálogo já esmorecia, ele lembrou-se de que ela fazia um
petisco para o irmão, que ele também conhecia. Numa conversa gastronómica que
tinham tido, gabara um arroz muito especial que a mana lhe fazia, sempre que
tinha a oportunidade de estar com ela.
- Falei com o seu irmão e ele tem uma verdadeira adoração
por um petisco seu …
-Qual deles?
- Adora o seu arroz de corno…
-Arroz de quê?
-De corno… - repetiu, de modo inocente, o conversador nato.
- De forno e não de corno, senhor!
-Mil perdões…também achei estranho… mas foi isso que
percebi…
E a senhora olhou-o de soslaio, tentando descortinar se o
conversador sabia da fama de confessor do mano ou de algum desaguisado em que ele
se envolvera, com o marido da sua mais recente conquista.
-Já agora, se não fosse muito incómodo… ensinava-me a fazer
o arroz de corno…perdão de forno…
-Ora anote… o arroz de corno…mau, de forno, leva…- explicou
a senhora, que ocupou o resto da viagem com a receita e os segredos do famoso
arroz de corno…perdão, de forno.
Jorge C. Chora
4/9/2018
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