domingo, 8 de dezembro de 2019

O REINO DOS GATOS




Ouvi ontem, no café, uma declaração de amor aos seus gatos, por parte de uma idosa senhora.  Tem seis, dá-lhes inteira liberdade no interior da sua casa. Louvou-lhes o asseio, a urbanidade, o convívio com os cães que também possui.

Lembrei-me de um amigo, já falecido, que superava em muito a paixão que esta velha senhora demonstra pelos seus animais. Chamava-se Victor este amigo e era professor, historiador, conferencista, escritor, para além de se dedicar a inúmeras outras atividades. Nutria uma profunda paixão por gatos e cães.

A bicharada era tratada com todo o carinho e respeito devido, a começar pelos nomes que lhes atribuía, não tivessem eles, sem excepção, nomes de reis e rainhas de Portugal.

Anexo à casa, havia um enorme gatil, onde os seus trinta e poucos habitantes, circulavam a seu belo prazer entre este espaço e a habitação, podendo optar pelo solário nos dias mais frios.

Cadeiras, sofás e poltronas, eram sítios ocupados, segundo as preferências de cada um.
Havia também uma velha cadela, cuja barriga servia de sofá a uma Dª Mafalda ou a um D. Afonso, já não me recordo bem, em plena harmonia e aconchego.

Naquele tempo já havia reis e rainhas de quatro patas, reinando em espaços proporcionados pelos donos, filhos e esposa do meu saudoso amigo Victor que também partilhavam entre eles um clima de afecto e bem-estar.

Jorge C. Chora
8/11/19

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