Ouvi ontem, no café, uma declaração de amor aos seus gatos,
por parte de uma idosa senhora. Tem
seis, dá-lhes inteira liberdade no interior da sua casa. Louvou-lhes o asseio,
a urbanidade, o convívio com os cães que também possui.
Lembrei-me de um amigo, já falecido, que superava em muito a
paixão que esta velha senhora demonstra pelos seus animais. Chamava-se Victor
este amigo e era professor, historiador, conferencista, escritor, para além de
se dedicar a inúmeras outras atividades. Nutria uma profunda paixão por gatos e
cães.
A bicharada era tratada com todo o carinho e respeito devido,
a começar pelos nomes que lhes atribuía, não tivessem eles, sem excepção, nomes
de reis e rainhas de Portugal.
Anexo à casa, havia um enorme gatil, onde os seus trinta e
poucos habitantes, circulavam a seu belo prazer entre este espaço e a habitação,
podendo optar pelo solário nos dias mais frios.
Cadeiras, sofás e poltronas, eram sítios ocupados, segundo
as preferências de cada um.
Havia também uma velha cadela, cuja barriga servia de sofá a
uma Dª Mafalda ou a um D. Afonso, já não me recordo bem, em plena harmonia e
aconchego.
Naquele tempo já havia reis e rainhas de quatro patas,
reinando em espaços proporcionados pelos donos, filhos e esposa do meu saudoso
amigo Victor que também partilhavam entre eles um clima de afecto e bem-estar.
Jorge C. Chora
8/11/19
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