sábado, 29 de fevereiro de 2020

O RANCOR AVELUDADO



Com um olho nas galinhas e o outro nos cães, D. Camila atendeu o telefonema do dono da farmácia:
-Obrigado pela informação. Quantas máscaras chegaram? Muitas? Logo verei se são suficientes aqui para casa. Desde que cheguem para os meus bichos e para mim, tudo bem. Se não houver para o meu marido, não faz mal…ele não precisa… entenda-se com o coronavírus…

Nas traseiras da casa, o marido agradecia também o telefonema e a informação dada pelo farmacêutico:

-Se não tiver para ela tudo bem…ela não precisa…

No dia seguinte, na farmácia, a senhora era informada de que havia máscaras mais caras e outras, a um preço inferior. A escolha foi imediata:

-A melhor para ele e a mais barata para mim…

Pela tardinha apareceu o marido a comprar as máscaras.

-Levo as duas. A mais barata para mim e a outra para a chata lá de casa!

À noite, as duas máscaras mais baratas foram guardadas para os dois cães mais velhos do casal.

-Não vá o diabo tecê-las! – exclamaram em uníssono.

Jorge C. Chora
1/3/20

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