Na mesa da sua varanda, colocou uma toalha de renda, dois
pratos, os talheres de peixe e os de carne, os de fruta e sobremesa. Em relação
aos copos, não se esqueceu dos de água, para além dos de vinho. Do lado
esquerdo do prato, guardanapos de pano.
Passado um bocado, regressou à varanda, aperaltado, de
casaco e gravata.
A vizinha do lado, estudante universitária como ele, mirava
divertida a movimentação do seu colega. Ela sabia que ele, tal como ela, não
tinha ninguém em casa e respeitava o confinamento. Quem diabo teria ele
convidado?
Ainda mal acabara de pensar quando o colega, puxando a
cadeira, se lhe dirigiu:
-Faça o favor de saltar a cancela e sentar-se.
E a colega, alçou a perna e transpôs a pequena divisória que
separava as suas varandas.
-Muito obrigado pelo convite, cavalheiro.
Ao ar livre, cumprindo o distanciamento, um numa ponta da
mesa e outro noutra, passaram o almoço em amena cavaqueira.
Após a refeição, sem quebrar nenhuma regra do confinamento,
ela tornou a alçar a perna e regressou ao seu apartamento.
Já na sua varanda, ela pediu perdão e disse:
-Sou a Gina…
-Bernardo… - apresentou-se ele.
Dia sim dia não, respeitando as regras deste tempo
conturbado, alçam a perna e almoçam nas varandas, ora de um, ora d’outro.
E à medida que o tempo passa, o distanciamento social … bom
isso seria querer saber de mais. Deixem lá a Gina e o Bernardo em paz!
Jorge C. Chora
20/4/2020
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