Quando vejo a minha mulher sorrir enquanto investiga, fico
de atalaia. Não descanso enquanto não me conta o que descobriu. Para se livrar
de mim e continuar a trabalhar, apressa-se a contar.
Desta vez a história diz respeito a uma forma eufemística de
nomear pais incógnitos. Nos registos de baptismo de Beringel, Beja, do séc.
XVII e XVIII, localidade onde existiam, por sinal, inúmeros escravos, havia uma
forma curiosa de nomear os pais desconhecidos. Esse modo era extensivo aos
registos de baptismo dos escravos ou não escravos e consistia em dizer por
exemplo, o nome da mãe e em relação ao pai, em vez de se dizer incógnito, diziam:
e filho de quem Deus sabe.
O mais curioso é que foi a primeira vez que durante as suas
investigações, a minha mulher encontrou este modo específico de designar os
progenitores incógnitos.
Em conclusão, quando se aborrecer seriamente com alguém, em
substituição do feio palavrão que eventualmente ele ou ela mereçam, diga: filho
ou filha de quem Deus sabe…
Jorge C. Chora
2/7/2020
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