sexta-feira, 10 de julho de 2020

OS PRATOS INVISÍVEIS


Ao sair, olhou uma última vez, de relance, para as suas taças, na sala de troféus. Ainda havia lugar para mais algumas. Assinalou, visualmente, o sítio onde à tardinha colocaria a que ia ganhar no torneio desse dia. Não colocou sequer a hipótese de não trazer nenhuma.

Encontrou-se com os compinchas de longa data, companheiros de estúrdia e de competição.
Almoçaram, depois dos respectivos aperitivos e provas de vinhos alentejanos. Comeram bem e beberam melhor, seguindo-se as aguardentes de boas proveniências.

Chegado a hora do torneio, o nosso campeão, ordenou ao homem a cujo cargo estava o lançamento dos pratos:

-Prato!

O atirador ficou à espera que o prato fosse lançado. Esperou e nada. Tornou a ordenar com voz de trovão:

-Prato!

Nada aconteceu. O prato não surgiu e o campeão não atirou. Furioso, ordenou o lançamento mais duas vezes consecutivas:

-Prato!

Não se conteve e berrou:

-Ó homem! Então os pratos? Isso é para hoje ou para amanhã?

E o senhor dos pratos, a medo, gritou:

-Já lancei quatro! Porque não disparou?

E o campeão amador disparou:

-Porque não vi ainda nenhum!

E os compinchas, que em vez de um, já viam dois pratos, confortaram-no:

-Olha, ao menos poupaste uns cartuchos!

Jorge C. Chora
10/7/2020

Sem comentários:

Enviar um comentário