Ao sair, olhou uma última vez, de relance, para as suas
taças, na sala de troféus. Ainda havia lugar para mais algumas. Assinalou,
visualmente, o sítio onde à tardinha colocaria a que ia ganhar no torneio desse
dia. Não colocou sequer a hipótese de não trazer nenhuma.
Encontrou-se com os compinchas de longa data, companheiros
de estúrdia e de competição.
Almoçaram, depois dos respectivos aperitivos e provas de
vinhos alentejanos. Comeram bem e beberam melhor, seguindo-se as aguardentes de
boas proveniências.
Chegado a hora do torneio, o nosso campeão, ordenou ao homem
a cujo cargo estava o lançamento dos pratos:
-Prato!
O atirador ficou à espera que o prato fosse lançado. Esperou
e nada. Tornou a ordenar com voz de trovão:
-Prato!
Nada aconteceu. O prato não surgiu e o campeão não atirou.
Furioso, ordenou o lançamento mais duas vezes consecutivas:
-Prato!
Não se conteve e berrou:
-Ó homem! Então os pratos? Isso é para hoje ou para amanhã?
E o senhor dos pratos, a medo, gritou:
-Já lancei quatro! Porque não disparou?
E o campeão amador disparou:
-Porque não vi ainda nenhum!
E os compinchas, que em vez de um, já viam dois pratos,
confortaram-no:
-Olha, ao menos poupaste uns cartuchos!
Jorge C. Chora
10/7/2020
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