Já lá vai o tempo de juventude e das idas matinais à” minha”
praia, na cidade da Beira, no Macúti -Estoril. Bastava-me saltar o muro da
minha casa, atravessar o quintal do vizinho e entrar na praia.
Depois de lautos pequenos almoços obrigatórios, alguns dos
quais verdadeiros suplícios, nomeadamente os que incluíam, após o “porridge”, gigantescas
toranjas e copos de sumo, ainda tínhamos o desplante e o vício das coisas
doces. Passávamos, eu e o meu irmão, pela despensa e levávamos, cada um, uma
lata de leite condensado. Ela era furada em dois sítios e pelos orifícios íamos
bebendo o leite.
Hoje, só de me lembrar de tal facto, o enjoo toma conta de
mim. Na época, com mais olhos do que barriga, ainda conseguia, com a gula,
beber quase um terço do conteúdo daquele autêntico melaço! Acho que nunca
consegui chegar à praia com a lata de leite. Num terreno lateral vago,
arremessava-a, ainda quase cheia.
Naquele terreno para onde arremessava o leite, abundavam
formigas e que grandes elas eram! Pudera! Alimentadas a leite condensado!
Belos tempos esses onde a até as formigas eram alimentadas a
leite condensado! e chegávamos à praia enjoados que nem pescadas e isso passava
num ápice, com os mergulhos e cabriolices a que nos entregávamos.
As férias grandes eram do tipo “Duracel” e quanto mais
duravam, mas queríamos que durassem, à torreira do sol, tostando os miolos,
bebendo leite condensado e apurando o ouvido para escutar a sineta do vendedor
dos gelados “Esquimó”.
Jorge C. Chora
5/7/2020
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