No trajeto
entre aquela aldeia e o mar surge sempre, de supetão, um enorme cabrão. É
cabrão por ser um bode grande, mas este é duas vezes cabrão pois comporta-se no
sentido que lhe dão, de verdadeiro cabrão.
Não há quem
não tema e não trema ao vê-lo investir, saído do sopé da montanha, como um
aterrador monstro mítico.
Muitos foram
e são os sustos de quem levou marradas por não terem conseguido fugir a tempo,
julgando que a investida não lhes era destinada, mas para outros mais feios do
que eles.
Os aldeãos,
após muito refletirem sobre o destino a dar ao animal, resolveram, de modo
sábio, aproveitar os ímpetos maléficos do cabrão.
Aos inimigos
de algum aldeão, levam-no a passear para aquele trajeto e para o respetivo
castigo: umas boas e belas marradas ao indesejável.
Mas o
aproveitamento não se ficou por aqui. Decidiram, por unanimidade,
que ele
deveria dar rendimento à aldeia. Mas como fazer?
Levantou-se
o mais anafado dos habitantes e disse:
-Lembram-se
de quantos quilos perdi quando tive o mau encontro com esse cabrão? Da corrida
de 5 quilómetros até ao mar? Dos 1oo metros que tive de nadar com o estupor do
bode à minha espera na praia?
Fez-se luz.
A aldeia tornou-se numa estância de emagrecimento: todos os dias levavam o(os)
candidato(os), ao fatídico encontro com o bode. Para não acontecer nada de mal
eram acompanhados por um jipe, no caso de não conseguirem correr mais do que o
cabrão!
À entrada da
aldeia, passou a figurar um grande cartaz:
Emagrecimento
garantido em tempo recorde
Se tiver
dificuldade em emagrecer, já sabe: uma ida a esta aldeia e já está!
Jorge C.
Chora
26/12/2021
Sem comentários:
Enviar um comentário