quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

AS PATRANHAS D'OUTRORA


O dia pedia praia e Filipe não se fez rogado. Agarrou na toalha, vestiu o fato de banho, foi buscar a bengala e, num pulo, como quem diz, estava na praia.

Ficou perto de um casal desconhecido, com um miúdo de cerca de dez anos. Mais à frente, mas perto, duas amigas, a Laura e a Isabel, bem mais novas do que ele, já se douravam ao sol, como verdadeiras nudistas que eram.

Ao verem o amigo Filipe, acenaram-lhe. Laura levantou-se e foi ter com ele, nua, tal como estava, a pedir-lhe lume para acender o cigarro.

João, assim se chamava o miúdo, como Filipe veio saber, ao ver Laura exclamou:

-Não acredito! A senhora não tem um caranguejo naquele sítio! Que mentiroso!

O pai, surpreendido, perguntou ao filho:

-Que história é essa?

- O Victor lá da escola, diz que as mulheres têm um caranguejo …! – e nem terminou a frase, tal a indignação de ter vindo a ser ludibriado.

-Não meu filho…-ensaiou o pai.

E não teve tempo para mais nenhuma explicação, pois uma gargalhada monumental atroou os ares e interrompeu a tentativa de explicação do pai.

Era o Filipe que tremia de riso e mesmo assim, conseguiu pedir desculpa:

-Vocês desculpem-me, mas também eu, há mais de cinquenta anos, tinha um colega, o Zé das Petas, que que nos contava essa patranha do caranguejo!

E o João, furioso e vermelho, antecipava o momento de reencontro com o Victor:

-Eu dou-lhe o caranguejo…

Jorge C. Chora

2/12/2021

Sem comentários:

Enviar um comentário