O dia pedia
praia e Filipe não se fez rogado. Agarrou na toalha, vestiu o fato de banho,
foi buscar a bengala e, num pulo, como quem diz, estava na praia.
Ficou perto
de um casal desconhecido, com um miúdo de cerca de dez anos. Mais à frente, mas
perto, duas amigas, a Laura e a Isabel, bem mais novas do que ele, já se
douravam ao sol, como verdadeiras nudistas que eram.
Ao verem o
amigo Filipe, acenaram-lhe. Laura levantou-se e foi ter com ele, nua, tal como
estava, a pedir-lhe lume para acender o cigarro.
João, assim
se chamava o miúdo, como Filipe veio saber, ao ver Laura exclamou:
-Não
acredito! A senhora não tem um caranguejo naquele sítio! Que mentiroso!
O pai,
surpreendido, perguntou ao filho:
-Que
história é essa?
- O Victor
lá da escola, diz que as mulheres têm um caranguejo …! – e nem terminou a
frase, tal a indignação de ter vindo a ser ludibriado.
-Não meu
filho…-ensaiou o pai.
E não teve
tempo para mais nenhuma explicação, pois uma gargalhada monumental atroou os
ares e interrompeu a tentativa de explicação do pai.
Era o Filipe
que tremia de riso e mesmo assim, conseguiu pedir desculpa:
-Vocês
desculpem-me, mas também eu, há mais de cinquenta anos, tinha um colega, o Zé
das Petas, que que nos contava essa patranha do caranguejo!
E o João,
furioso e vermelho, antecipava o momento de reencontro com o Victor:
-Eu dou-lhe
o caranguejo…
Jorge C.
Chora
2/12/2021
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