quinta-feira, 29 de setembro de 2022

A GAIVOTA E A MARINHEIRA

.Sentado à beira Tejo

 uma gaivota via e seguia,

sempre que podia,

quando do emprego saía.

 

Amiga de longa data,

com ela conversava,

a desabafar chegava,

e sabia que ela o ouvia.

 

Como ninguém o escutava,

falava alto, pois de nada servia,

falar e não ser escutado,

murmurar e não ser entendido.

 

Uma exceção abria,

quando ela se encostava

e a seu lado se ajeitava,

e aí, só murmurava.

 

Uma jovem marinheira

ao ver o que se passava,

pela curiosidade movida

às vezes, parava e escutava.

 

 

 À terceira, aproximou-se,

de seguida sentou-se,

ninguém a afastou

e por lá, quieta se deixou.

 

Quando o homem se levantou,

a marinheira a mão lhe deu,

ele não se importou e com ela ficou,

e a gaivota para o seu ombro saltou.

 

Todos os dias, à mesma hora,

o homem, a marinheira e a gaivota,

atravessam o Terreiro do Paço

e sentam à beira-rio a conversar.

 

     JORGE C. CHORA

 

         29/8/2022

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