Aquiles era
um homem inflexível e muito impaciente. Belicoso, assertivo em demasia, senhor
de modos bruscos e pouco dado a conversas.
Não morria
de amores nem por animais nem pelas pessoas, mas a sua esposa tinha-lhe uma
verdadeira adoração e, curiosamente, também ele lhe retribuía o amor que ela
lhe tinha.
Conheceram-se
na primária, quando ela estava a ser alvo de um ataque à saída da escola.
Aquiles atirou-se como gato a bofe, aos quatro, suportando pontapés, murros e
cabeçadas. Concentrou-se num de cada vez. Ao primeiro, partiu-lhe um braço, ao
segundo o nariz, tendo o facínora guinchado como um porco e fugido rua fora,
acompanhado do amigo com a asa partida. Os dois restantes fugiram, mas Aquiles
apanhou-os, e partiu-lhes a cabeça.
Desde esse dia,
Aquiles e a colega não se largaram. Namoraram durante toda a escolaridade,
inclusive na faculdade, e terminados os cursos casaram-se.
Um dia,
quando atravessava a rua numa passadeira, foi atropelado e morreu.
Foi cremado
e a esposa decidiu perpetuar a sua memória. Trouxe um pequeno arbusto que
encontrou num terreno abandonado e deitou uma parte das cinzas de Aquiles, no
canteiro onde o plantou.
No dia
seguinte, qual não foi o seu espanto, ao ver o arbusto seco e todo
encarquilhado.
A jardineira
que trabalhava para o casal, ao ver a tristeza da viúva explicou-lhe:
- Minha
senhora isso era uma lantana. É altamente tóxica e se as bagas forem ingeridas
são altamente perigosas, principalmente para quem tem crianças.
E nesse
momento, a inconsolável viúva que estava grávida, percebeu que o seu Aquiles continuava
a cuidar dela e dos seus.
JORGE C.
CHORA
7/1/2023
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