domingo, 31 de agosto de 2025

UMA CRIAÇÃO DIVINA

 


Mais bela,

ou como ela,

pelo menos por agora,

não há.

Por mais palavras

caras pesquisadas,

nenhuma se adequa.

É na singularidade de uma palavra,

que talvez só nela, se encontre

alguma para definir,

uma mulher indefinível:

Criatura divina.

Até o lascivo Belzebu,

ao vê-la, murmurou extasiado:

- Avé Maria!

E foi só por um triz que o sinal da cruz não fez,

Jorge C. Chora

31/8/2025

 

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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

 

ARNALDO E BEATRIZ

Às oito em ponto Arnaldo corria à janela para ver passar Beatriz. Ela era sua colega na faculdade, embora estivesse mais adiantada. Tinha mais três anos do que ele. Era bela, com o cabelo cor de asa de corvo e morena.

Ele amava-a, mas era demasiado tímido para se declarar. Limitava-se a acenar e ela retribuía-lhe o aceno.

Um dia, à mesma hora de sempre, viu-a abraçada à Amélia, uma colega do mesmo ano.

São amigas disse para si próprio. Depressa se convenceu de que não eram só amigas, pois viu-as beijarem-se apaixonadamente.

Desiludido pensou em deixar de ir à janela, pois cada beijo que Amélia recebia da Beatriz, era um beijo que ela lhe roubava à sua frente.

Ambas lhe acenavam quando ele as cumprimentava diariamente.

Se Beatriz amava Amélia, também ele a devia amar, pois ele gostava de tudo o que Beatriz gostava.

Uma doença súbita subtraiu Amélia de Beatriz.

No seu funeral, para além de Beatriz e Arnaldo, ninguém compareceu.

Beatriz surpreendeu-se ao ver a imensa tristeza da Arnaldo com a morte da sua amada.

- Tu conhecias bem a Amélia? - perguntou-lhe Beatriz.

-Amava-a porque tu a amavas…

Beatriz deu-lhe a mão e ele beijou-a com todo carinho.

Beatriz percebeu que perdera um amor, mas ganhara outro, tão forte e belo, ao ponto de amar quem ela amava.

Saíram de mão dada, fundidos num só, pelo amor comum que tinham a Amélia.

Jorge C. Chora

28/8/2025





quarta-feira, 27 de agosto de 2025

E AGORA?

 

 

Neste mundo descontente,

esforço-me por estar contente.

Acabo contente,

 neste mundo descontente

e descontente por estar contente.

         Jorge C. Chora

            27/8/2025

 

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Uma imagem com pessoa, Cara humana, homem, Queixo

Os conteúdos gerados por IA podem estar incorretos.

 

 

terça-feira, 26 de agosto de 2025

A JOIA RARA

 

A fila do supermercado encaracolava de tanto freguês, à espera de pagar.

A senhora que atendia, estava esgotada e quase no fim do seu turno.

Um jovem mal vestido, ao chegar a sua vez de ser atendido, colocou os seus produtos na passadeira: um pacote de arroz, uma garrafa de azeite e um de margarina.

Feitas as contas, faltavam-lhe 10 euros. Atrapalhado, revistou os bolsos das calças e da camisa e nada encontrou.

-Não me diga que se vai agora despir! -exclamou de mau humor a atendedora.

- Se isso remediasse… - respondeu sorrindo o jovem.

-Ainda por cima engraçadinho. Pobre e armado em esperto.

Na fila um idoso disse alto:

- Lá fora tentei dar-lhe uma esmola, mas agradeceu e não aceitou e agora é isto!

O rapaz colocou de lado a garrafa de azeite e perguntou se assim o dinheiro chegava.

- Sim, chega e ainda tem uns cêntimos de troco.

Saiu e pouco depois, um homem que vendia lotarias, foi a correr atrás dele e entregou-lhe a garrafa de azeite.

-Obrigado, agradeceu - venha comigo que eu  pago-lhe  já o que lhe devo. O meu pai trabalha ali ao fundo.

- Não é preciso, tenho a certeza que faria isso por mim …

- Obrigado, mas faça-me o favor, não me deixe ficar mal.

Depois de muita insistência, o cauteleiro seguiu-o e viu-o entrar, sem sequer bater à porta, num luxuoso escritório.

-Bom dia, menino António- cumprimentou-o uma senhora de certa idade, sentada numa secretária repleta de computadores.

-D. Ermelinda, o meu pai está?

- Acabou de chegar…

O cauteleiro, surpreso, perguntou à D. Ermelinda:

-Quem é o pai?

- É o dono desta cadeia de supermercados.

Mal ouviu a informação, o senhor dirigiu-se apressado para a porta da saída.

Quando já transpunha a porta, o jovem correu e agarrou-o por um braço.

-Onde vai meu amigo?

- Embora, pois podem pensar que eu o fiz porque sabia quem era!

O jovem deu uma gargalhada e respondeu:

- Se nem a senhora da caixa me reconheceu, como poderia o senhor

conhecer-me?

O cauteleiro foi principescamente recompensado, embora tivesse resistido, alegando sinceramente:

- Todos fariam o mesmo!

-Acredite que não meu amigo, homens como senhor são joias raras! -respondeu-lhe o pai, olhando de alto a baixo o querido, mas andrajoso filho.

    Jorge C. Chora

     26/8/2025

 



IMAGEM DE IA











segunda-feira, 25 de agosto de 2025

UMA RAGA

 

 

Uma desgraça nunca vem só,

que o digam os americanos.

O intitulado paladino da Justiça,

eleito democraticamente,

transformou a democracia

num circo de iniquidades,

considerando as forças armadas

como os seus soldadinhos de chumbo;

os congressistas e senadores como verbos de encher

e os emigrantes que constroem e fizeram a américa,

como lixo descartável, esquecendo-se que ele e a sua família

são descendentes desses dispensáveis.

Tornou os E.U. A num estado pária,

Insultando aliados e amigos,

para além de quase todos os países do mundo.

Ninguém pode confiar na sua palavra,

pois hoje diz sim e amanhã diz não.

E o pior do quanto pior melhor, é que

é considerado por muitos como um guru,

como um exemplo a seguir, até em Portugal.

Livra!

                    Jorge C. Chora

                      25/8/2025




domingo, 24 de agosto de 2025

UM SALVAMENTO COM ÊXITO

 

UM SALVAMENTO COM ÊXITO
                             IMAGEM DE IA

Entre o céu e o mar, no topo de uma onda coroada de espuma, flutuava uma jovem mulher, deslizando como um peixe.

Era cedo, a praia estava deserta, com exceção da mulher oculta na onda.

Naquele ano, calhara ao João manter a empresa aberta no verão, mas ele não dispensava uma incursão à praia e um mergulho no mar antes de ir para o trabalho.

A água, àquela hora matinal, estava mais fria do que temperada. Isso não o dissuadiu de ir entrando, devagar, evitando salpicos e arrepios prematuros.

Já com a água um pouco acima da cintura, viu vir direito a si um vulto,

que imediatamente socorreu pegando ao colo. Tratava-se da mulher das ondas.

Ela estava gelada e arfava de cansaço, pois já se encontrava naquele vai e vem há mais de uma hora.

João correu para o areal o mais rápido possível. Pousou-a delicadamente no areal e iniciou manobras de respiração boca a boca.

Mal as iniciou, a jovem com um olho aberto e outro fechado, murmurou-lhe ao ouvido:

- Prefiro um beijo bem dado, à respiração boca a boca. Sou a nadadora- salvadora desta praia e treino-me antes da vinda dos banhistas.

Jorge C. Chora

24/8/2025




sexta-feira, 22 de agosto de 2025

O ENCANTO DA EDUARDA

 

O ENCANTO DA EDUARDA

Uma só mulher apaixonara uma comunidade inteira. Era tão ou mais graciosa do que uma borboleta.

Os seus olhos esverdeados, o andar elegante e a simpatia transbordante, justificavam o sentir da comunidade.

O seu piscar de olhos, era o segredo com que cativava, todos por quem passava.

No café onde todos iam, apareceu um dia um desconhecido, dotado de uma estranha barbicha e logo que Eduarda entrou, fez-lhe sinal e colocou um estojo em cima da mesa.

Eduarda dirigiu-se-lhe, ele levantou-se, beijou-lhe a mão e disse-lhe:

-Até que enfim Eduarda! Já era tempo de vires buscar os teus óculos e deixares de piscar os olhos a torto e a direito!

   Jorge C. Chora

        22/8/2025

 

A TAMPA

 


Revirou os olhos,

olhou para a sanita

e explodiu:

-Mais uma vez a tampa em cima!

Era o jogo diário,

 da tampa da sanita deixada em baixo ou em cima.

Adélia estava furiosa,

era a segunda vez,

 naquela semana, que acontecia.

-Ó minha querida,

o dobro do trabalho tenho eu e nunca me queixo!

- Como assim? - abespinhou-se Adélia.

-Tu só tens de baixar a tampa da sanita.

Eu, pelo contrário, tenho sempre de a levantar e depois

de a baixar. São duas ações enquanto tu só realizas uma!

-Mas não é normal que ela esteja para baixo?

-Para mim é o contrário- argumentou o marido.

- Afinal em que ficamos?

- Com a tampa para baixo! -conclui ela.

- Está bem anuiu ele. Vamos fazer um acordo.

Uma semana fica para cima e a outra para baixo.

Esta semana fica para cima e a outra, como tu queres.

No dia seguinte, logo pela manhã, ouviu-se um grito aterrador:

- Outra vez a tampa para cima?

 

                      Jorge C. Chora

                          22/8/2025

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

A IMPORTÂNCIA DO BOM HUMOR

 

Tão ou mais importante

do que a brisa em tempo quente,

ou a chuva em seca persistente,

são os ventos do bom humor.

Esses, bem podem acontecer,

no dia a dia,

nesta época de malvadez,

já não falando no culto dos genocídios,

ainda sem data marcada,

para o castigo dos assassinos!

        Jorge C. Chora

            20/8/2025

 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

DIFERENÇAS


Quando a noite agasalha o dia,

e as casas acolhem os seus habitantes,

ouvem-se, após as refeições, murmurar

aqui e acolá, Pais Nossos e Avé Marias.

E o silêncio só é interrompido, pelos roncos

de quem descansado repousa.

Quem ao relento descansa,

só as estrelas o agasalham e alumiam,

e para além dos roncos das barrigas vazias,

ouvem-se pedidos de proteção a estranhos deuses,

para que ninguém descubra que ali dorme um imigrante

e não o maltratem, misturados com apelos dos habituais sem- teto,

 ao Anjo da Guarda, para que nada lhe aconteça

e possam viver mais um dia.

 

                   Jorge C. Chora

                    19/8/2025

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

ESTEJA ATENTO(A)

 


Não ria nem sorria,

aos que o(a) endeusam

quando está presente,

e o(a) denigrem na sua ausência.

Aprecie os que o/a) defendem,

quando não se encontra presente

e não o(a) bajulam, só por tê-lo(a) à sua frente!

           Jorge C. Chora

              18/8/2025

sábado, 16 de agosto de 2025

BEIJOS RETRIBUIDOS

 

Um beijo partilhado,

é como mel

saboreado,

um pedaço de céu

por Deus benzido,

sem culpados,

desde que bem dado,

repetido e bem sentido.

  Jorge C. Chora

      16/8/2025

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

OS AMORES DA MADALENA

 

A boca da Madalena

sabia-lhe a morango

e ele adorava o sabor.

Mal se beijavam,

 o mundo rodava,

a música parava,

os corpos colavam-se.

Desta vez, o gosto do beijo

da sua amada, era de menta

e Luís sabia não ser o da preferência,

A seu lado, Rodrigo,

apreciador de chocolates de menta,

sorria pelo canto do olho.

Madalena não tardou a namorar Rodrigo

e meses depois a casar-se com ele.

Agora é Rodrigo que estranha

ver o sorriso de Luís,

quando Madalena lhe sabe a morango.

        Jorge C. Chora

          15/8/2025

 

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

PENAS PERPÉTUAS PARA CRIMES CONTRA A HUMANIDADE

 


 

Num mundo ao retardador,

permite-se causar a dor,

chacinar sem ninguém se opor,

e ainda, muito pior,

não ter data marcada para julgar,

e os criminosos de guerra condenar.

As provas surgem todos os dias,

em direto e a cores para o mundo ver.

Os chefes e os executores das suas ordens,

nem precisam de estar presentes,

para de facto serem condenados.

À prisão perpétua e em isolamento,

devem ser acrescidas milhares de outras penas,

por cada criança, mulher, velho ou civil assassinado,

por cada bombardeamento a edifícios civis, hospitais e escolas.

Significa isto, somando as penas, uma condenação,

até ao último suspiro.

A memória dos crimes contra a humanidade,

deve ser perpetuada, lembrada e relembrada,

e definitivamente afastada, pela ação imediata do TPI,

que deve, a bem da humanidade, ter jurisdição mundial

e ser mandatada pela assembleia geral da ONU por maioria de votos.

                                Jorge C. Chora

                                    13/8/2025

terça-feira, 12 de agosto de 2025

FIDALGOS E CRÁPULAS


Redondos ou rasgados,

são os espelhos d’alma,

as boas-vindas,

o prenúncio de abraços apertados,

com as portas escancaradas,

à amizade sem senãos.

Falo dos olhos que não se escondem,

nem para isso se prestam,

na generalidade dos portugueses.

Infelizmente, há quem sorria, logo a seguir nos atraiçoe

cometa a maior das vilanias

e assuma comportamentos xenófobos,

racistas e anti-imigrantes.

Num país de emigrantes, de abertura ao mundo

e que se misturou e mistura, aqui e em todos os lados,

com todas as raças com quem conviveu e convive,

 dá para entender?

                     Jorge C. Chora

                         12/8/2025


domingo, 10 de agosto de 2025

MÁRIO E MARIA

 

Ninguém sabe onde moram,

ou de onde são,

aparecem quando querem,

cantam quando lhe apetece,

e não quando lhes pedem.

Não desvendaram o seu segredo,

mesmo ao andarem aos esses,

de braço dado e cabeça à roda,

amparando-se um ao outro,

pelas vielas onde circulam.

Chamam-nos de Mário e Maria

e ninguém sabe onde dormem.

 Dormem enroscados um

ao outro, debaixo de uma romãzeira,

num jardim abandonado.

 Perfumam-se com alecrim e bochecham

com chá de flor de anis.

Só souberam quem eram,

quando um novo músico os identificou,

como os antigos dono de seis casas de fado

e sem nada ficaram, devido à covid

e o amor ao vinho, mas nunca se deixaram,

e assumiram os nomes de Mário e Maria.

                     Jorge C Chora

                      10/8/2025

 

 

                    

sábado, 9 de agosto de 2025

JÁ NÃO HÁ VERDADEIROS CABOS DE GUERRA?

 

O mundo é uma casa em ruínas,

onde todos os dias se derrubam

os pilares que a sustentam:

a solidariedade e o amor.

Esses atos nojentos,

são aplaudidos com prazer

e ódio, quando se dizimam

pela fome recém-nascidos

ou se chacinam as mães.

Regozijam-se os poderosos

ao ver crianças a remexerem

os destroços das suas casas bombardeadas,

gritando de medo e horror,

em busca dos seus pais e avós.

A passividade dos povos,

 dirigidos por títeres assassinos,

é espantosa!

Como é possível tolerarem

essas matilhas sanguinolentas,

chefiadas por lobos raivosos,

sem os açaimarem e os colocarem

em isolamento para o resto das vidas?

Já não há verdadeiros cabos de guerra,

amantes da paz e da justiça?

            Jorge C. Chora

                9/8/2025

terça-feira, 5 de agosto de 2025

FORAM OS IMIGRANTES.


Se houve um assalto,

ouve-se em uníssono:

-Foram os imigrantes!

Houve uma agressão em plena via:

- Foram os imigrantes!

Alguém foi violado no Bairro Alto:

-Foram os imigrantes!

Aconteceu um assalto a um banco:

- Foram os emigrantes!

A polícia foi atacada:

- Foram os Imigrantes!

Desapareceram objetos no aeroporto:

-Foram os imigrantes!

Aconteceu uma farra com sexo em público:

- Foram os imigrantes!

Roubaram uma série de carteiras a velhinhas:

- Foram os Imigrantes!

Os nazis foram atacados enquanto rezavam a Belzebu:

- Foram os imigrantes!

Se não houvesse imigrantes a quem se culparia?

-  Aos imigrantes que ainda estarão para vir!

E as listas para inscrição para: apanhadores de tomate,

serviços agrícolas em geral,

construção civil e limpeza de esgotos,

empregados de café e outros que tais…

estão abertos aos militantes dos partidos maioritários,

tendo os seus dirigentes máximos, todos os requisitos,

pois têm casa, papéis em ordem, contratos certos,

família reunida e falam português, embora os que têm

cadastro, não sejam admitidos, na construção das vias-

férreas, mas somente na limpeza de esgotos.

                            Jorge C. Chora

                                5/8/2025

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

PARVOÍCES DE AGOSTO

 

Não casa agosto

com desgosto,

exceto os dias sem sol,

água fria ou cerveja mole,

e também gente sem pescoço.

Ter pescoço é essencial,

um pescoço que se veja, claro está!

É nele que se alojam os primeiros beijos

 e nos aproximamos dos ouvidos

e sussurramos as mentiras dos dias quentes:

nunca vi ninguém tão bela(o) como tu!

e passamos as mãos ao longo e ao lado das costas,

causando-lhes um arrepio de prazer,

sentindo-lhe os mamilos endurecer e algo mais a crescer,

e os vemos mergulhar, desvairados,

sem saber se a água está morna ou fria.

Pois hoje sonhei, chegar à praia e ver toda a gente sem pescoço!

                            Jorge C. Chora

                              1/8/2025