Entre o céu
e o mar, no topo de uma onda coroada de espuma, flutuava uma jovem mulher,
deslizando como um peixe.
Era cedo, a
praia estava deserta, com exceção da mulher oculta na onda.
Naquele ano,
calhara ao João manter a empresa aberta no verão, mas ele não dispensava uma
incursão à praia e um mergulho no mar antes de ir para o trabalho.
A água, àquela
hora matinal, estava mais fria do que temperada. Isso não o dissuadiu de ir
entrando, devagar, evitando salpicos e arrepios prematuros.
Já com a água
um pouco acima da cintura, viu vir direito a si um vulto,
que imediatamente
socorreu pegando ao colo. Tratava-se da mulher das ondas.
Ela estava gelada
e arfava de cansaço, pois já se encontrava naquele vai e vem há mais de uma
hora.
João correu para
o areal o mais rápido possível. Pousou-a delicadamente no areal e iniciou
manobras de respiração boca a boca.
Mal as
iniciou, a jovem com um olho aberto e outro fechado, murmurou-lhe ao ouvido:
- Prefiro um
beijo bem dado, à respiração boca a boca. Sou a nadadora- salvadora desta praia
e treino-me antes da vinda dos banhistas.
Jorge C. Chora
24/8/2025

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