Olhou para a mulher de modo disfarçado e ela suava. Não estava calor nenhum. Fazia frio e o Inverno ainda ia a meio.
Sabia perfeitamente a causa do nervosismo da esposa. Resolveu ver se a situação melhorava por si própria. Piorou. Os lábios dela tremiam-lhe e suava de modo intenso. Não podia, de modo nenhum, prolongar o sofrimento estampado no seu rosto. Resolveu suavizar o mal-estar:
-Estás mal disposta?
-Não… não…
-Esqueceste-te de alguma coisa em casa? - e abrandou a velocidade ,que já era pouca, e iniciou a manobra para parar a viatura.
-Hum… hum…. Desculpa-me, acho que deixei o ferro de engomar ligado… tenho essa impressão e não consigo lembrar-me de o ter desligado…
-Mas tu não estiveste a passar hoje…
-Olha … estou confusa… estou com um pressentimento de que o deixei ligado…
O marido estacionou o carro. Sorriu e disse-lhe:
-Um momento…. - e inclinou-se um pouco para trás, esticou o braço, remexeu de baixo do banco e puxou um saco, que abriu e mostrou …
-Trouxeste o ferro?
-Acalma-te. Ele está aqui.
-Obrigada - e um sorriso terno começou a despontar-lhe no rosto, mas logo desapareceu.
-Agora lembraste – te do ferro de viagem… e julgas que ele… - e o marido abriu um segundo saco, que se ocultava junto ao primeiro - e mostrou o pequeno ferro de viagem.
-Obrigada…
- Agora vais falar com o teu filho, que está em nossa casa, neste momento, pronto a responder-te às perguntas que lhe queres fazer…
-Ó filho diz-me se…
-O Gás está fechado, as torneiras e o quadro eléctrico também… Boa viagem – interrompeu o filho.
Finalmente, um sorriso rasgado, feliz e despreocupado assenhoreou-se da senhora, que desabafou:
-Ai se eu não tivesse tanta paciência com as tuas manias…
Queria um marido assim? Só nas histórias estimada leitora.
Jorge C. Chora
sexta-feira, 9 de abril de 2010
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Saber escolher o cônjuge é de suma importância...
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