O que ela tinha de belo não compensava a prepotência de que era dotada. Pior ainda, era gostar de o ser, fazer gala em sê-lo.
Resolveu tirar uma fotografia e convidou um amigo para lhe fazer esse favor. O amigo não foi escolhido ao acaso. Experiente, era também um profissional de mão cheia e, aceitou fotografá-la, porque tinha um fraquinho por ela, ou melhor, uma enorme paixão e ela sabia -o.
Durante duas horas fez orelhas moucas aos pedidos do fotógrafo:
-Eu acho que fica muito melhor assim….-e colocava-se de modo diverso ao pedido -para logo de seguida assumir outra posição que nada tinha a ver com a solicitada.
O fotógrafo sorria, mas aos poucos a dor que sentia no rosto, pelo esforço dispendido a fingir sorrisos, ameaçava transformar-se num esgar de dor.
O sol escaldava. As tonturas apossavam-se do fotógrafo e o sorriso ia-se evaporando mas ela não se dava por satisfeita:
-E agora uma assim….- e colocava a mão direita em forma de cálice, como se fosse colher néctar do céu.
-Acaba com o meu sofrimento Senhor…-pedia o fotógrafo, com a expressão de dor de quem acaba de ser vítima de alguém que por maldade lhe agrafou a face.
De repente, três gaivotas que esvoaçavam no local, encetaram um voo picado e, sem falharem o alvo encheram-lhe a mão, que imitava um cálice, cheia de cocó.
-Aí que horror…que nojo!
O amigo, olhando para o céu de forma disfarçada, murmurou:
-Obrigado!
Juram todos os que estavam presentes que ribombou um trovão e por cima dele se fez ouvir uma voz inesquecível:
-De nada meu banana…
Jorge C. Chora
domingo, 25 de abril de 2010
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Nem tanto ao mar nem tanto à terra...
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarBoa, Jorge!