Serafim Jorge Milho é, e sempre foi, amigo de praticar
desporto. Nos anos cinquenta, era um jovem de vinte e tal anos e dedicava-se ao
remo no Clube Naval de Lisboa, que ficava atrás da Estação do Cais do Sodré, junto
ao Tejo.
Saía três vezes por semana de Campolide, dirigia-se ao clube
e realizava o aquecimento no tanque. Às oito entrava, com os colegas (equipa
mista com oito) no Tejo e treinavam.
Durante a sessão, tinham quase sempre, um encontro com três
golfinhos, dois grandes e um pequeno. Serafim Milho acredita que se tratavam
dos pais e do filho. Em frente ao barco, cruzavam-no na diagonal. Saltavam um a
um: primeiro os grandes e só depois o pequeno.
Encolhia-se o Serafim e a tripulação também, sustendo a
respiração, até que o mais pequeno passasse. Não descontraiam por completo pois
sabiam que ainda faltam os segundos saltos, como que a assegurarem-se de que os
bons dias calorosos eram transmitidos.
Os bons dias que Serafim dava e recebia ao entrar no banco
onde trabalhava, estavam longe, muito longe de serem os primeiros que recebia.
Ah! Antes que achem que Serafim era useiro e vezeiro em
chegar atrasado ao serviço, desiludam-se: ele entrava, na época, às dez.
Jorge C. Chora
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