domingo, 4 de setembro de 2016

OS GOLFINHOS DO TEJO E OS SEUS CUMPRIMENTOS MATINAIS NOS ANOS CINQUENTA



Serafim Jorge Milho é, e sempre foi, amigo de praticar desporto. Nos anos cinquenta, era um jovem de vinte e tal anos e dedicava-se ao remo no Clube Naval de Lisboa, que ficava atrás da Estação do Cais do Sodré, junto ao Tejo.

Saía três vezes por semana de Campolide, dirigia-se ao clube e realizava o aquecimento no tanque. Às oito entrava, com os colegas (equipa mista com oito) no Tejo e treinavam.
Durante a sessão, tinham quase sempre, um encontro com três golfinhos, dois grandes e um pequeno. Serafim Milho acredita que se tratavam dos pais e do filho. Em frente ao barco, cruzavam-no na diagonal. Saltavam um a um: primeiro os grandes e só depois o pequeno.

Encolhia-se o Serafim e a tripulação também, sustendo a respiração, até que o mais pequeno passasse. Não descontraiam por completo pois sabiam que ainda faltam os segundos saltos, como que a assegurarem-se de que os bons dias calorosos eram transmitidos.

Os bons dias que Serafim dava e recebia ao entrar no banco onde trabalhava, estavam longe, muito longe de serem os primeiros que recebia.

Ah! Antes que achem que Serafim era useiro e vezeiro em chegar atrasado ao serviço, desiludam-se: ele entrava, na época, às dez.


Jorge C. Chora

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