Nasceu na Madragoa, na Rua das Trinas, na freguesia da Lapa
e foi baptizado na Basílica da Estrela com o nome de Luciano. Era neto e sobrinho
de residentes locais.
Entre os dez e os treze anos sempre teve acesso gratuito ao
peixe fresco de 1ª qualidade (sardinha e carapau…). As cestas de verga
redondas, repletas de peixe, eram lançadas das traineiras para o cais da
Ribeira que ficava acima do nível a que o barco estava. Havia peixe que caía e
o Luciano, o irmão e a rapaziada do bairro eram lestos a apanhá-lo. Isto
passava-se da parte da manhã.
À tarde, quando os carroceiros transportavam as hortaliças
para o mercado da 24 de Julho, vá de deitar-lhes as mãos entre os tapumes das
carroças e conseguir um acompanhamento adequado ao peixe fresco matinal.
Um belo dia o carroceiro foi mais rápido do que o Luciano e
ferrou-lhe uma tal chicotada na face que o deixou cheio de dores e sem apetite
por verduras, pelo menos por algum tempo…
Em breve as “pescarias” terminaram pois Luciano e os outros
tiveram de começar a trabalhar.
Era assim a vida de alguns jovens de Lisboa na década de
cinquenta …
Jorge C. Chora
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