segunda-feira, 4 de junho de 2018

AS OVELHAS DO MEU JARDIM



 Uma das coisas que mais me agradam, é sentar-me no meu micro- jardim e cuidar do meu rebanho imaginário.
Tenho pendurado numa romãzeira, um espanta-espíritos de bambu que produz quando o vento sopra, um som semelhante aos chocalhos de um pequeno rebanho quando passa.

 Uma vizinha que há uns anos regressava do seu trabalho, espreitou o meu jardim e perguntou-me onde é que eu tinha as ovelhas. Apontei-lhe a fonte do som, o espanta-espíritos de bambu. Agora, mesmo que eu não esteja visível, sabe que eu lá estou, porque ouve o rebanho.

Este rebanho imaginário só tem vantagens: para além de não me comer nada no micro- jardim, de não o sujar, também não se ouvem més nem meio més e o rasto de excrementos que denunciam a passagem dos rebanhos verdadeiros.

Para completar o bucolismo da situação, nem me falta uma bengala, devido a um problema muscular temporário, que com um pedaço de boa vontade, se pode metamorfosear em cajado e consolidar a fantasia de pastor de um rebanho imaginário, sem cheiros nem balidos, que esses deixo a quem deles gosta.

Jorge C. Chora
4/6/2018



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