Uma das coisas que mais me agradam, é sentar-me no meu
micro- jardim e cuidar do meu rebanho imaginário.
Tenho pendurado numa romãzeira, um espanta-espíritos
de bambu que produz quando o vento sopra, um som semelhante aos chocalhos de um
pequeno rebanho quando passa.
Uma vizinha que
há uns anos regressava do seu trabalho, espreitou o meu jardim e perguntou-me
onde é que eu tinha as ovelhas. Apontei-lhe a fonte do som, o espanta-espíritos
de bambu. Agora, mesmo que eu não esteja visível, sabe que eu lá estou, porque
ouve o rebanho.
Este rebanho imaginário só tem vantagens: para além de
não me comer nada no micro- jardim, de não o sujar, também não se ouvem més nem
meio més e o rasto de excrementos que denunciam a passagem dos rebanhos
verdadeiros.
Para completar o bucolismo da situação, nem me falta
uma bengala, devido a um problema muscular temporário, que com um pedaço de boa
vontade, se pode metamorfosear em cajado e consolidar a fantasia de pastor de
um rebanho imaginário, sem cheiros nem balidos, que esses deixo a quem deles
gosta.
Jorge C. Chora
4/6/2018
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