sexta-feira, 22 de junho de 2018

UPA UMBELINA!


                                
 Todos os dias, logo pela manhã, encontro-me com os meus companheiros de infortúnio. A mim dói-me a perna, a um chileno o braço e à D. Clara o ombro. Coisas da idade e azares à mistura.

Ao levantar-se, a D. Clara usou uma expressão que também eu utilizo para incentivar o esforço elevatório: upa. O seu “upa” foi no entanto diferente: upa Umbelina! foi o que a senhora disse.
Sabendo eu que a senhora se chamava Clara, perguntei-lhe a razão de ser mencionado nome Umbelina, colocando a hipótese de ela também ter esse nome.

Explicou-me a minha companheira de fisioterapia, que aliás conheço há muito tempo e é dotada de uma boa disposição a toda a prova, que Umbelina era uma amiga transmontana de sua mãe, de imenso peso e que sempre que se levantava dizia a expressão “upa Umbelina”.

D. Clara, que nasceu e viveu em Angola, acrescentou: no tempo da guerra colonial, nos arredores de Luanda, não se podia dizer upa. Era perigoso e podiam-se ter problemas com a pide. Upa era a designação do movimento que iniciou as hostilidades bélicas.

- Então a D. Umbelina viu-se aflita lá por Angola….

-Não…essa senhora nunca esteve em Angola…era conhecida da minha mãe…

-Antes assim - concluí eu - que já me via com problemas, por estar sempre a dizer a malfadada expressão, pese embora só lá tenha  estado de passagem.

Jorge C. Chora
22/6/18

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