Morreu-me um fiel servidor. Sem erro e sem tibiezas,
reconheço-lhe uma grandeza invulgar, um estatuto inigualável de trabalhador.
Nunca se recusou trabalhar, fosse a que horas fosse, pelo simples prazer de o
fazer, sem pensar em contrapartidas.
Foi exímio no exercício de me fornecer, em segundos e
sem reclamações, a água a uma temperatura adequada ao meu chá ou ao saco de
água quente. Nunca me deu quaisquer cuidados e foi como um pajem mudo, durante
44 anos.
Morreu de pé, aceso como uma tocha, cumprindo
cabalmente o serviço até ao último segundo, seguindo sempre o lema “antes
quebrar do que torcer”. Acabou por dar o último suspiro nos primeiros dias de Junho,
não passando assim, para meu grande pesar, a época de veraneio na nossa
companhia.
Que repouse em paz. Paloma, assim se chamava o servidor,
era um esquentador japonês. Só podia…
Jorge C. Chora
5/6/2018
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