terça-feira, 26 de junho de 2018

O MOSQUITO OU A MORTE DO B52


                                        
 Pelas vinte e uma horas, mais minuto menos minuto, um zumbido fazia-se ouvir no  quarto. Não sabia se ele vinha do lado esquerdo ou do direito, porque o barulho parecia vir ora de um, ora do outro. Não se via o autor e só achava que era de um mosquito, por  identificar o zumbido.

Um dia vi-o. Gordo, muito gordo, assemelhava-se a um B 52 da sua classe e voava aos ziguezagues.
Intrigava-me o facto dele só aparecer àquela hora e não se deixar apanhar, sempre às curvas e contracurvas, até que um dia descobri que ele vinha do lado dos bares. Vinha pesado e muito obeso, pois devia picar a seu bel-prazer, sem que o sentissem. Só podia!

Algo não batia certo. Por que motivo o mosquito não me mordia? Descobri que havia uma osga anã, que mal a luz se apagava, se empertigava junto à minha mesa de cabeceira, aguardando que o B52 se decidisse um dia a morder-me. Ela faria dessa ocasião, a sua festa da maioridade, papando-o bem papado, concedendo a si própria um acepipe real.

Ontem à noite, o mosquito surgiu vinte minutos mais tarde, executando voltas e voltinhas que terminaram num looping e numa aterragem na minha careca, confundida por certo, com um aeroporto. Foi o fim do B52. Uma palmada foi a causa da sua morte. Não sentiu a morte: estava anestesiado!

Jorge c. Chora
26/6/18

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