Pelas vinte e uma horas, mais minuto menos minuto, um
zumbido fazia-se ouvir no quarto. Não
sabia se ele vinha do lado esquerdo ou do direito, porque o barulho parecia vir
ora de um, ora do outro. Não se via o autor e só achava que era de um mosquito,
por identificar o zumbido.
Um dia vi-o. Gordo, muito gordo, assemelhava-se a um B
52 da sua classe e voava aos ziguezagues.
Intrigava-me o facto dele só aparecer àquela hora e
não se deixar apanhar, sempre às curvas e contracurvas, até que um dia descobri
que ele vinha do lado dos bares. Vinha pesado e muito obeso, pois devia picar a
seu bel-prazer, sem que o sentissem. Só podia!
Algo não batia certo. Por que motivo o mosquito não me
mordia? Descobri que havia uma osga anã, que mal a luz se apagava, se
empertigava junto à minha mesa de cabeceira, aguardando que o B52 se decidisse
um dia a morder-me. Ela faria dessa ocasião, a sua festa da maioridade,
papando-o bem papado, concedendo a si própria um acepipe real.
Ontem à noite, o mosquito surgiu vinte minutos mais
tarde, executando voltas e voltinhas que terminaram num looping e numa
aterragem na minha careca, confundida por certo, com um aeroporto. Foi o fim do
B52. Uma palmada foi a causa da sua morte. Não sentiu a morte: estava
anestesiado!
Jorge c. Chora
26/6/18
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