Batizou-a o cusco da rua como” Morcegona”, não só devido ao seu tamanho, 1.80 m, como também pelo facto de a senhora só sair após o anoitecer, fazendo lembrar os morcegos.
Vestia-se de
modo cuidado, mas sem luxos. Saía todos os dias, em direção ao seu velho, mas
estimado carro, herdado do pai e entrava na viatura cinco minutos depois.
Morriam de
curiosidade não só os vizinhos, mas também o cusco, como não podia deixar de
ser:
- Quem é que
ela é? Como se chama? O que faz?
E o cusco
roía-se de desespero, por nada, mesmo nada dela conhecer, exceto a sua hora de
saída.
Farto de não
saber dar informações sobre a ”Morcegona”, inventou umas patranhas, nada
abonatórias das virtudes da senhora.
Um dia o cusco, alambazado como era, ao
sentir-se doente, tomou um frasco de medicamentos após se ter empanturrado de
comida e bebidas. Foi parar ao hospital onde lhe diagnosticaram uma intoxicação.
O tratamento indicado não se fez esperar:
-Um clister,
duplo para ser eficaz! e uma lavagem ao estômago….
E foi quando
o cusco, pelo canto do olho, viu a médica que o estava a tratar: era a “Morcegona”.
Calou-se bem
calado, rezando a todos os santinhos para que a médica não o reconhecesse e triplicasse
a dose de clisteres!
Ainda hoje
não sabe se foi ou não identificado, mas o certo é que nunca mais falou sobre a
“Morcegona”.
Jorge C.
Chora
6/11/2021
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