Seis amigas, à beira dos trinta anos, trocavam impressões após alguns anos sem se verem. Saltitando de assunto em assunto, de memória em memória, caíram na temática dos namoros.
Entre risotas
bem-dispostas, abordaram as caraterísticas dos “pavios “de que mais tinham
gostado e chegaram à conclusão de que eram medianos ou mesmo pequenos, mas
gordos.
E foi nesta
fase que um jovem, cerca de dez anos mais novo, que estava ao lado na
esplanada, percebeu do que falavam e lhes disse, interrompendo com ar atrevido
a conversa:
-Agora
percebo porque atraio tantas mulheres! -e com um gesto, mostrava a falange do
seu dedo indicador.
Elas
entreolharam-se, deram uma grande gargalhada e a que estava mais próxima dele,
franzindo o sobrolho, perguntou-lhe:
-O jovem é
muito religioso, não é?
-Mas porque
pergunta isso?
E em
uníssono, as seis amigas, responderam-lhe:
- Só pode
ser, se acredita em milagres! Ou então é um querubim, com tanto poder num pavio
tão pequeno!
E o jovem, repreendendo-se,
pensou: estás a ver no que dá exagerar as tuas qualidades? Ninguém acreditou!
E ainda mais
surpreso ficou, quando a caminho da paragem do autocarro, viu parar à sua
frente um carro, conduzido pela mais alta das amigas, que o convidou em voz
suave e bem modulada:
-Entra
Querubim!
Jorge C.
Chora
10/11/2021
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