terça-feira, 9 de agosto de 2022

A RESPOSTA


Em vão aguardou pela carta da querida.

Quando já desesperava,

e nada esperava,

recebeu-a, registada,

com aviso de receção.

Levantou-a no correio e abriu-a,

com todo o cuidado.

A resposta tardara,

 mas valera a pena:

embrulhada em celofane,

estava um papel branco,

 imaculado,

onde um coração vinha desenhado

e ao lado, colado,

um pêlo do púbis,

com uns versos inspirados, num tal

João Roiz, poeta de antanho:

Partem meus pêlos por vós, meu bem

Tão desesperados pela falta

Das tuas doces visitas,

Tão sedentos de ti,

“Que nunca tão tristes vistes”

Outros pêlos caírem por alguém,

Senão por ti, por falta das duas doces

e húmidas arremetidas.

Achou a mentira deliciosa.                                                                          

Onde já se vira, os pêlos

caírem por falta de ação?

Quando muito, por excesso,

Isso sim!

E respondeu:

Minha querida,

Recuso-me a ser responsável

pela calvície precoce dos seus

deliciosos pêlos do púbis,

pelo que, prometo, desde já,

visitas mais assíduas e um

farto crescimento capilar.

 

Jorge C. Chora

   9/o8/2022

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