Um velho e sabido falsário, trapaceiro quase desde o berço,
foi apanhado em flagrante delito, após anos de impunidade. Identificado como o
mentor de uma extensa quadrilha, foi julgado com toda a pompa e circunstância.
Servindo-se das suas
artimanhas, entrava no tribunal, caminhando como um”velhinho” trôpego, com os
lábios trémulos, fazendo vénias consecutivas a todos os que lá se encontravam.
Quando respondia às perguntas, era de modo vacilante e desconexo. Causava dó
vê-lo e condoíam-se os presentes.
O juiz foi alertado para a marosca do cabecilha, por um
funcionário da instituição que o via chegar todos os dias, longe do olhar do
público, de automóvel, do qual saia de modo ágil, dirigindo-se do mesmo modo ao
tribunal.
Confrontado com a situação pelo juiz, o falsário respondeu
de forma compungida:
-Saiba V. Exª que eu ao entrar nesta veneranda e respeitável
casa, começo a pensar no que fiz… e o peso do arrependimento apossa-se de mim.
Espero que V.Exª leve em linha de conta este meu arrependimento, quando
proferir a sentença… - Enquanto pensava para si próprio - Espero que acredites, meu trouxa, que eu tenho mais que fazer e encomendas de
dólares para satisfazer…
E o juiz, com um sorriso matreiro, dizia-lhe:
-Com certeza…com certeza…tudo será levado em linha de conta…pode
contar com isso…
E mais não se diz sobre este falsário, sob pena de estarmos
a instruir, inadvertidamente, outros sacripantas…
Jorge C. Chora
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