As diferenças entre o bacalhau e outros peixes, que mesmo
não o sendo, são apresentados e vendidos como tal, era o tema de conversa de
dois amigos ao balcão de uma tasca.
Ambos estavam agradecidos a um inspector de pescado de uma
lota, que lhes explicara como distinguir o que era considerado o verdadeiro
bacalhau, caso do Gadus Morhua,(do Atlântico) e do Gadus Macrocephalus (do
Pacífico),de outros peixes como Saithe, o Ling e o Zarbo.
Tinham aprendido que o verdadeiro, para além da cor palha, da
pele que se soltava com mais facilidade, da ausência de manchas escuras , era identificado , quase de imediato, pelo
rabo: o legitímo tinha a terminação do rabo quase direita, em triângulo, e o
falso terminava em W.
A conversa foi interrompida pelo empregado do
estabelecimento que levantou um alguidar de plástico com bacalhau de molho, com
os rabos bem à mostra e disse:
-Pois é , quem não sabe é comido!
Vejam o que é um bom bacalhau.. – e apontou
para os rabos em “ W” que mostravam que o peixe era tudo menos o fiel amigo.
Entreolharam-se os amigos e
disseram em uníssono:
-Quem sabe, sabe…
E despediram-se do homem que nascera com duas bocas e sem
ouvidos, que de alguidar ao colo continuava a mostrar aos clientes um” bacalhau”
de arromba.
Jorge C.Chora
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