A galinha não era feia nem bonita. Para além desta característica,
pouco ou nada a distinguia das restantes. Havia um pormenor intrigante e esse,
sim, diferenciava-a de todas as congéneres: nunca pusera um ovo!
Colocaram-na num galinheiro à parte. De lado ficou também um
belo galo, com fama de imprestável: nunca galou e, portanto, nunca procriou.
O destino que lhe deram foi juntá-lo à galinha que nunca
pusera um ovo. Passado algum tempo a dona do aviário acudiu aos gritos da filha
mais pequena:
-Ó mãe, o galo pôs uma dúzia de ovos!
-O galo, minha filha?
--Sim… não disseste que aquela galinha nunca tinha posto um ovo?
Só pode ter sido o galo minha mãe!
E a mãe sorriu, ao pensar no milagre do galo hermafrodita em
que a filha acreditava. Nunca mais separou aquele casal, cujo galo tão bons
lucros lhe passou a dar, com a quantidade de ovos que punha.
E foi assim que a senhora descobriu que até os galináceos podem
ter depressões, quando algo não lhes corre de feição
Jorge C. Chora
20/6/2020
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