sábado, 13 de fevereiro de 2021

O SAFARI EM LM

 

Perdidos e achados, eu, o meu irmão e os amigos, estávamos no Safari, um dos cafés da estudantada em LM, nos fins da década de sessenta e inícios da de setenta.

Lá se estudava, se bebiam uns canecos, bem aviados de preferência, e sobretudo se conversava. Não havia telemóveis, mas quando nos queríamos encontrar, bastava rumarmos ao Safari.

Do grupo faziam parte alunos de medicina, engenharia e ramos de ciências, sendo eu a excepção, pois era de letras.

Dali partíamos para as farras:

-Hoje, há um party,…

-Em casa de quem?

-Tu não conheces, mas é um(a) gajo(a) porreiro(a)…

E eramos recebidos como velhos amigos(as), como se fossemos conhecidos de longa data…

Na hora de regresso dos partys ou dos convívios da Costa do Sol, ficávamos admirados quando um dos de medicina, o Carmona, nos pedia.

-Deixem-me aqui no hospital.

- O que é que vais fazer?

-Hoje é fim de semana, o pessoal está aflito, precisa de ajuda. há muita cabeça para coser, gesso para colocar…

E tu? - e a resposta não tardava- Não vou fazer ofício de corpo presente. Vou ajudar!

Nunca me esqueci do Carmona, aliás de quem, aliás, nunca mais soube nada e de quem não sei o nome completo.

Lembrei-me, entretanto, de um primo meu, afastado, mas que conhecia bem, por ter estado inúmeras vezes na minha casa na Beira, com o irmão e a sua mãe, enquanto o seu pai era colocado em sucessivos locais e nele se instalava, pois era do quadro administrativo.

Era este meu primo longínquo, uma pessoa afável e preocupada com os seus doentes, um médico por vocação. Da última vez, há muitos anos, soube dele pelo dono de um café na Buraca.

-O dr. Márcio, é uma bênção lá por Viseu…

Tive curiosidade em saber dele, pois verifiquei que no grupo dos antigos estudantes da Universidade de LM, muitos eram médicos. Procurei- no computador e acabei por encontrá-lo.

Tinha falecido em 2015, com 68 anos. Pela notícia, fiquei a saber que não só a mulher é médica (é a segunda mulher e nunca a conheci, nem as filhas e ao filho). Depreendi, pela notícia necrológica, que duas filhas também são médicas. Espero sinceramente que elas saiam ao pai, pois quanto à esposa, se eles se escolheram, algo devem ter em comum.

Já agora, o parentesco que me unia ao Márcio Cunha Rodrigues Pinto, era simples: a sua trisavó Ivana, de quem eu muito gostava, era irmã da minha avó Elmonia.

Deus os tenha todos em descanso.

Jorge C. Chora

13/02/2021

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