Perdidos e achados, eu, o meu
irmão e os amigos, estávamos no Safari, um dos cafés da estudantada em LM, nos
fins da década de sessenta e inícios da de setenta.
Lá se estudava, se bebiam uns
canecos, bem aviados de preferência, e sobretudo se conversava. Não havia
telemóveis, mas quando nos queríamos encontrar, bastava rumarmos ao Safari.
Do grupo faziam parte alunos de
medicina, engenharia e ramos de ciências, sendo eu a excepção, pois era de
letras.
Dali partíamos para as farras:
-Hoje, há um party,…
-Em casa de quem?
-Tu não conheces, mas é um(a) gajo(a)
porreiro(a)…
E eramos recebidos como velhos
amigos(as), como se fossemos conhecidos de longa data…
Na hora de regresso dos partys ou
dos convívios da Costa do Sol, ficávamos admirados quando um dos de medicina, o
Carmona, nos pedia.
-Deixem-me aqui no hospital.
- O que é que vais fazer?
-Hoje é fim de semana, o pessoal
está aflito, precisa de ajuda. há muita cabeça para coser, gesso para colocar…
E tu? - e a resposta não tardava- Não
vou fazer ofício de corpo presente. Vou ajudar!
Nunca me esqueci do Carmona, aliás
de quem, aliás, nunca mais soube nada e de quem não sei o nome completo.
Lembrei-me, entretanto, de um
primo meu, afastado, mas que conhecia bem, por ter estado inúmeras vezes na
minha casa na Beira, com o irmão e a sua mãe, enquanto o seu pai era colocado
em sucessivos locais e nele se instalava, pois era do quadro administrativo.
Era este meu primo longínquo, uma
pessoa afável e preocupada com os seus doentes, um médico por vocação. Da
última vez, há muitos anos, soube dele pelo dono de um café na Buraca.
-O dr. Márcio, é uma bênção lá por
Viseu…
Tive curiosidade em saber dele,
pois verifiquei que no grupo dos antigos estudantes da Universidade de LM,
muitos eram médicos. Procurei- no computador e acabei por encontrá-lo.
Tinha falecido em 2015, com 68
anos. Pela notícia, fiquei a saber que não só a mulher é médica (é a segunda
mulher e nunca a conheci, nem as filhas e ao filho). Depreendi, pela notícia
necrológica, que duas filhas também são médicas. Espero sinceramente que elas
saiam ao pai, pois quanto à esposa, se eles se escolheram, algo devem ter em
comum.
Já agora, o parentesco que me unia
ao Márcio Cunha Rodrigues Pinto, era simples: a sua trisavó Ivana, de quem eu
muito gostava, era irmã da minha avó Elmonia.
Deus os tenha todos em descanso.
Jorge C. Chora
13/02/2021
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