sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

UM DIA DE PRAIA EM LM

 Num dia fabuloso, (1970), em que seria um crime de lesa-majestade não gazetar, recusei ficar cadastrado e gazetei.

Telefonei à namorada, apanhámos o autocarro, pagámos uma “quinhenta” até à praia. Com cartão de estudante, claro.

Saímos numa das paragens, antes da Costa do Sol(Lourenço Marques). Era um dia de semana, não estávamos em férias e não havia quase ninguém. Um dia ideal.

Depressa mudei de ideias. A descer o areal, vinha o professor a cuja aula tinha faltado. O prof. vinha bem acompanhado.

Estou safo, também fez gazeta, tenho a companhia de um compincha- pensei- já descansado.

Pensei mal e vão perceber porquê.

-Então “setor”, num dia destes há que aproveitar as ondas…

E o manganão, bem abraçado à sua joia, dispara:

-Tens toda a razão, mas só depois de cumprido o dever…

Em vez de estar calado, enfiei-lhe uma galga.

-Ó “setor” eu fui lá, mas como não o vi, resolvi vir para a praia!

-Ah! Então eu faltei e tu seguiste o meu exemplo! Como justificas o facto de já cá estares, primeiro do que eu e teres vindo de autocarro, pois não vi carro nenhum estacionado?

Estava apanhado. Engoli em seco, dei uma gargalhada e safei-me dali para fora:

-Um bom mergulho e… -calei-me a tempo- ia cometer outra argolada, desejar-lhe sucesso com a namorada.

Afastei-me para ao pé da minha, com uma consolação: a minha namorada, era mil vezes mais bonita do que a dele!

Jorge C. Chora

  5/02/2021

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