terça-feira, 25 de abril de 2023

A TÍLIA , A ROSA E O CANTEIRO DE CRAVOS VERMELHOS

 

A TÍLIA, A ROSA E O CANTEIRO DE CRAVOS VERMELHOS.

Viu a ternura refletida nos negros e grandes olhos daquela mulher,

que uma súbita rajada de ventos atirou para os seus braços, e teve a certeza de que os seus também revelavam o mesmo que os dela.

Ela emanava um cheiro a rosas. Eles já se conheciam do autocarro,

já tinham reparado um no outro, mas nunca tinham chegado à fala.

Miraram-se mutuamente, deixando-se estar abraçados, até que desataram a falar, até à chegada do transporte.

Nenhum deles saiu no destino pretendido e só deram por isso no fim da linha.

Regressaram a casa de mãos dadas. No dia seguinte mudaram-se para a casa das tílias, tendo ele descoberto, que ela nem perfume usava:

simplesmente cheirava a rosas e adorava o perfume das tílias do seu jardim.

Beto pendurou nas suas árvores, três espanta-ventos, a agradecer ao vento, tê-la atirado para os seus braços, ter dado conta da ternura que os ligava e tê-la agora em sua casa.

Num canteiro à parte, cultivaram cravos vermelhos, em louvor do amor e da liberdade de se terem um ao outro, em dias de sol ou de chuva, e poderem gritar a seu belo prazer, ao ritmo dos seus espanta-ventos.

Jorge C. Chora

25/4/2023

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