A TÍLIA, A
ROSA E O CANTEIRO DE CRAVOS VERMELHOS.
Viu a
ternura refletida nos negros e grandes olhos daquela mulher,
que uma
súbita rajada de ventos atirou para os seus braços, e teve a certeza de que os seus
também revelavam o mesmo que os dela.
Ela emanava
um cheiro a rosas. Eles já se conheciam do autocarro,
já tinham
reparado um no outro, mas nunca tinham chegado à fala.
Miraram-se
mutuamente, deixando-se estar abraçados, até que desataram a falar, até à
chegada do transporte.
Nenhum deles
saiu no destino pretendido e só deram por isso no fim da linha.
Regressaram
a casa de mãos dadas. No dia seguinte mudaram-se para a casa das tílias, tendo
ele descoberto, que ela nem perfume usava:
simplesmente
cheirava a rosas e adorava o perfume das tílias do seu jardim.
Beto
pendurou nas suas árvores, três espanta-ventos, a agradecer ao vento, tê-la
atirado para os seus braços, ter dado conta da ternura que os ligava e tê-la
agora em sua casa.
Num canteiro
à parte, cultivaram cravos vermelhos, em louvor do amor e da liberdade de se
terem um ao outro, em dias de sol ou de chuva, e poderem gritar a seu belo
prazer, ao ritmo dos seus espanta-ventos.
Jorge C.
Chora
25/4/2023
Sem comentários:
Enviar um comentário