quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Fada Trapalhona e as duas Irmãs

Era uma vez uma fada muito simpática, mas muito, muito distraída. Quando as outras fadas a conheceram ela tinha os sapatos trocados, uma camisola vestida ao contrário e em vez da varinha de condão, trazia uma vareta velha de um chapéu – de – chuva.

-Trapalhona, resmungaram as colegas, um tanto ou quanto aborrecidas com a maneira de se apresentar da nossa fada. Para além de comilona não tem vergonha de aparecer deste modo tão, tão …como dizer… trapalhão…

Ao contrário das outras fadas era muito gorducha e, outra diferença era a de dar grandes gargalhadas. Chorava com facilidade, quando via coisas tristes e de que não gostava, deixando cair grossas lágrimas que ao tocarem no chão se transformavam em enormes roseiras. A fada ficava atrapalhada e sentava-se em cima delas para disfarçar. Sabem que as roseiras embora sejam lindas têm grandes espinhos? Então já sabem dos gritos de dor que a nossa boa fada dava nesses momentos.

-Trapalhona, trapalhona… - tornavam a resmungar as colegas.

Um dia o conselho das fadas deu-lhe uma missão: resolver o problema de duas irmãs que estavam desentendidas em relação à escolha de duas bonecas. Elas é que as tinham escolhido mas cada uma achava que a boneca da outra era mais bonita do que a sua.
A fada trocou as bonecas mas passado um bocado cada uma já queria a da outra:

-A tua é mais bonita do que a minha! Gritaram ambas.

Pediram-lhe as irmãs que desse às bonecas algo de humano e a fada tocou-lhes com a vara de condão e deu-lhes a possibilidade de chorarem, quando elas lhes mexiam de um modo particular.
-Isso é irritante e aborrecido, reclamaram.

Tocou de novo nas bonecas e deu-lhes a possibilidade de rirem.

-Coisa sem graça - responderam furiosas.

A fada apressou-se a satisfazer as exigências e ao procurar dar-lhes outra característica, tocou-lhes na barriga e as bonecas passaram a poder fazer chichi.

-Nem pensar nisso - berraram elas, batendo com os pés no chão.

Desesperada a fada pediu-lhes que fizessem uma lista com tudo o que as bonecas deviam ter.
Passados trinta dias e trinta noites a fada apareceu e leu as respectivas listas.

-Ora até que enfim que sabem o que querem, disse a fada, abrindo os braços e derrubando sem querer as bonecas que se partiram em mil pedaços.

-És uma desastrada! E agora?

-Tra-pa-lho-na, tra-pa-lho-na… - soletraram as fadas, em voz alta, criticando a colega.

Duas grossas lágrimas começaram a correr na face da nossa fada, que se apressou a secá-las com ambas as mãos, antes que elas caíssem no chão e formassem uma grande e bela roseira…e disse:

-Os meus poderes estão a esgotar-se. A única forma de vos ajudar é dar-vos uma última oportunidade. As meninas é que vão fazer as vossas próprias bonecas.

-Nós? Era o que faltava!

-Sim, as meninas! E logo de seguida, tocando com a varinha em cima da mesa, fez surgir barros, instrumentos de trabalho e de modelagem, e tudo o que era necessário para trabalharem.

-Mas nós tínhamos duas bonecas lindas e ficámos sem nada!

-O que posso fazer é vir ter convosco de quinze em quinze dias e vir ajudar-vos…

-Tu? Vires ajudar-nos! Livra!

-Bom, já sabem, daqui a duas semanas venho visitar-vos …

Durante esse espaço de tempo as duas irmãs trabalharam intensamente nas suas bonecas.
No dia combinado a fada apareceu e trouxe consigo duas bonecas iguaizinhas às que tinha quebrado e propôs:

-Pois bem, aqui têm as vossas bonecas, e em troca, dão-me as que fizeram.

-Nunca! Estamos muito contentes com as nossas bonecas.

-Têm a certeza? Vejam lá… - e agarrou nas que tinha trazido, fingindo guardá-las.

-Pode levá-las à vontade. As nossas, não trocamos…

E a partir desse dia, a fada a que chamavam trapalhona foi sempre recebida com todo o carinho pelo conselho das fadas.

Jorge C. Chora

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2 comentários:

  1. como todas as histórias para crianças devem ser, com um final feliz!

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  2. Acho que conheço essa irmã de algum lado....a invejosa devia ser a mais nova :P

    O David gostou muito!
    Bjs
    Raquel

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