segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O Brinde

Francisco sorria refastelado na cadeira de braços, com as pernas em cima de um muro de jardim, usufruindo de uma brisa fresca, num dia tão quente.

O amigo que o convidara levantava-se com uma certa frequência deixando por momentos os convivas e percorria os canteiros mais próximos, porque de vez em quando se sentia um cheiro putrefacto, e ele procurava a sua causa julgando tratar-se de um bicho morto nos canteiros.

Ao fim de algum tempo, detectou uma certa velhacaria disfarçada no sorriso de Francisco . À medida que o tempo decorria em amena cavaqueira, a disposição dos presentes aumentava assim como a evidente alegria de Francisco.

Após a tarde bem passada, chegou a hora da despedida ficando desde logo aprazado um novo encontro, e o Francisco de o levar a efeito na sua casa.

À saída, um empregado vestido a rigor, abria a porta aos convidados e efectuava as mesuras da praxe. Quando Francisco ia a sair, o empregado apresentou-lhe, numa bandeja de prata, um sobrescrito que lhe era dirigido e que continha algo imperceptível. Abriu-o de imediato e leu a mensagem que rezava assim: “Não te esqueças de usar na próxima vez” . Num ápice Francisco introduziu os dedos no envelope e retirou o brinde que o amigo lhe oferecera: uma rolha.



Jorge C. Chora

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