Na sua juventude havia mulheres tão bonitas como ela, mas nenhuma mais bela.
Com tais atributos era natural que o desejo de a beijarem despertasse nos que a rodeavam. Do desejo à tentativa vai um passo ténue, e neste caso, inevitável. Nem um único ensaio bem sucedido chegou aos ouvidos de quem quer que fosse.
Quanto maior era o desgosto e a tristeza causada pelas constantes recusas, mais Margarida se deliciava e a quantidade de pretendentes aumentava.
Dia após dia, de recusa em recusa, o tempo foi passando e a beleza de Margarida foi definhando, de tal modo que qualquer uma se tornou mais bela do que ela.
Foi nesta altura que Margarida passou a pedir beijos a quem quer que fosse: aos jovens, aos menos jovens e àqueles que já nem da juventude se lembravam. A maioria afastava-a sem dó nem piedade.
Aqueles que ainda se recordavam das recusas de Margarida, ao verem-na numa situação inversa àquela que ocupara, regozijavam-se com o que lhe acontecia:
-É bem feito. Não se faz aos outros aquilo que não queres que te façam a ti!
Após cada recusa Margarida disfarçava o prazer sentido, exactamente igual ao que experimentara outrora, ao recusar.
Nesses breves momentos a sua antiga beleza regressava.
Jorge C. Chora
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
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Boa Noite!
ResponderEliminarA Sofia ainda não leu o Blog, mas o Pai e o Avô, acabaram de ler a História de Margarida.
Boa metáfora!... para alguns contextos sempre actuais (Não sabemos se foi essa a intenção!!!)