sábado, 12 de dezembro de 2015

A GATA DOUTORA

                                               
Tenho uma gata pequena, amarela e mimosa. De acordo com um médico ucraniano que por acaso a viu, estes gatos, na sua terra, são designados como gatos doutores: não saem de perto dos doentes.
Quando ele me deu a informação não a contestei, pois foi exactamente isso que aconteceu em relação aos últimos tempos de vida da minha sogra. A gata não a deixava, mas na altura não estranhei, já que ela gostava de gatos. Nos seus últimos dias, já perto dos 97 anos, acamada, tinha a companhia permanente da Bli, assim se chama a minha amarelinha.

Vem isto a propósito de nos últimos tempos ter andado adoentado. Consultados os médicos e realizados os exames prescritos, foram unânimes no diagnóstico: necessidade urgente de um pacemaker, sob pena de poder suceder-me algo que eu espero só aconteça daqui a alguns anos.
E não é que a gata, que sempre gostou de estar ao meu colo, passou a andar dia e noite atrás de mim e por mais voltas que eu desse nunca me largava! Cheguei a enxotá-la:

-Vai agourar para outro lado! –E ela, ouvidos moucos, vinha roçar-se, ronronar com o dobro de intensidade, embrulhar-se nas minhas pernas, mesmo quando eu voltava à carga -  Ó Bli, larga-me que eu não tenciono ir desta para melhor!

E não é que, já com o pacemaker implantado e de regresso a casa, ela não me liga nenhuma! Deus seja louvado!

Jorge C. Chora



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