Tenho uma gata pequena, amarela e mimosa. De acordo com um
médico ucraniano que por acaso a viu, estes gatos, na sua terra, são designados
como gatos doutores: não saem de perto dos doentes.
Quando ele me deu a informação não a contestei, pois foi
exactamente isso que aconteceu em relação aos últimos tempos de vida da minha
sogra. A gata não a deixava, mas na altura não estranhei, já que ela gostava de
gatos. Nos seus últimos dias, já perto dos 97 anos, acamada, tinha a companhia
permanente da Bli, assim se chama a minha amarelinha.
Vem isto a propósito de nos últimos tempos ter andado
adoentado. Consultados os médicos e realizados os exames prescritos, foram
unânimes no diagnóstico: necessidade urgente de um pacemaker, sob pena de poder
suceder-me algo que eu espero só aconteça daqui a alguns anos.
E não é que a gata, que sempre gostou de estar ao meu colo,
passou a andar dia e noite atrás de mim e por mais voltas que eu desse nunca me
largava! Cheguei a enxotá-la:
-Vai agourar para outro lado! –E ela, ouvidos moucos, vinha
roçar-se, ronronar com o dobro de intensidade, embrulhar-se nas minhas pernas, mesmo
quando eu voltava à carga - Ó Bli,
larga-me que eu não tenciono ir desta para melhor!
E não é que, já com o pacemaker implantado e de regresso a
casa, ela não me liga nenhuma! Deus seja louvado!
Jorge C. Chora
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