Ambos os nomes
designavam a mesma taberna, situada na esquina da Rua Elias Garcia com a Av.
Miguel Bombarda, perto dos Bombeiros da Amadora. Era um pólo de atracção para
quem gostava de bons petiscos e melhor pinga. Conhecida como “Portas Largas”, (as
portas de entrada eram de facto enormes) a sua fama estendia-se à região de
Lisboa, e entre os seus fregueses contavam-se jovens, menos jovens e os da
terceira idade. Foi assim durante décadas.
Entre os locais, muitos designavam-na como “Embaixada do
Cartaxo” e, perdidos e achados era lá que, entre uma delícia gastronómica e
outra, jogavam ao dominó e às cartas.
Há muitos anos, precisei de realizar obras em casa.
Contratei um pedreiro, cliente assíduo do espaço.
No dia e à hora marcada para o início da empreitada, esperei
em vão pela chegada do profissional. Passaram horas e eu sempre na esperança da
sua vinda, aguardei, sereno, pela sua chegada: algo se tinha passado.
Pela hora do almoço, dei um pulo a sua casa e a esposa informou-me
de que o marido tinha comido mais cedo e voltara para o seu escritório, vulgo,”Embaixada
do Cartaxo”. Resolvi lá aparecer e o senhor garantiu-me que daí a meia hora
estaria em minha casa. A meio da tarde, voltei à “Embaixada” e não tive coragem
de o interromper: banqueteava-se com um prato de caracóis.
Retirei-me sem ele me ver mas encontrei na rua a sua mulher:
-Não me diga que ele não apareceu em sua casa! Se o quiser
apanhar tem de ser logo de manhã, quando ele sair de casa. Vou dizer-lhe que
está à porta pelas 9h,mas esteja meia hora antes.
Dito e feito. Às 8.30 h do dia seguinte, quando ele saia
sorrateiro de casa, tinha-me à sua espera. Só foi comigo depois de lhe prometer
ir, à tarde, lanchar à “Embaixada”.
À hora marcada, com uma pontualidade de fazer inveja ao mais
pontual dos britânicos, marchámos os dois para a “Embaixada”. Um lanche na “Embaixada”
era coisa demasiado séria para haver atrasos.
Jorge C. Chora
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