terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A REAL E INSÓLITA FUNÇÃO DE UMA ANTIGUIDADE

                         
Gosto de ir a feiras de antiguidades. Este fim-de-semana, ao visitar uma, vi uma molheira bastante antiga que me fez recordar um episódio com elas relacionado.

Numa das vezes que fui ao Museu de Arte Antiga, detive-me num expositor em que existiam peças variadas de porcelana e faiança. Uma delas chamou-me a atenção pois, parecendo uma molheira, achei estranho que fosse maior do que aquelas que conhecia e tivesse um bico demasiado largo e aberto para cumprir bem essa função.

Isto foi há uns anos mas, lembro-me bem de ter andado à roda do expositor, ter mirado e remirado a peça, sem chegar a nenhuma conclusão. Não desisti e acabei por consultar o conservador, responsável por aquele departamento.

Contou-me uma interessante história, que não recordo com todos os pormenores, pois já se passaram um ror de anos, mas que em traços gerais ainda consigo relembrar-me. A peça era um urinol portátil, usado pelas damas da corte francesa há uns séculos, quando tinham de assistir aos longuíssimos sermões de um conhecido e respeitado abade.

Uns anos depois deste episódio, um casal amigo com quem jantei, contou-me que passara um enorme martírio num almoço a que fora, pois os anfitriões serviram o molho numa “molheira”idêntica à do museu, que lhes tinha custado os olhos da cara num antiquário.

Questionei-o sobre o que tinha feito e ele disse-me:

-Tive uma gastrite súbita! E nem precisei de fingir!


Jorge C. Chora

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