Badocha era
o cúmulo da organização. O exemplo inultrapassável da programação ao milímetro,
o programador exemplar.
Coube-lhe a
planificação de uma visita a um parque de animais, destinada a estrangeiros. Verificada
a lista de material necessária à viagem, antes da partida, três vezes foi
reverificada.
No segundo
dia de viagem, o jipe deixou de andar. As aflições das clientes começaram: uma
tinha dores de barriga, duas outras, vontade de urinar. Duas assistentes ainda
jovens, estenderam lençóis em frente dos pipis das madames e uma terceira,
montou uma cortina na parte de trás. Acabado o serviço. Colocaram-lhes à disposição,
toalhetes perfumados hipoalérgicos.
A um gesto
do Badocha, saíram do carroção rebocado pelo Jipão, quatro matulões,
transportando uma enorme maca, com um grande orifício a meio, e uma lona que se
abria e fechava, onde instalaram um grande funil que encaixava no depósito do
jipe.
Badocha não
bebia água, só gin e uísque lacrado, puro. A um sinal de Badocha, deitaram-no
de barriga para baixo, com a braguilha previamente preparada, levantaram a
maca, apontaram--na ao funil e durante meia hora, procederam ao enchimento do
tanque.
Finda a
operação, as assistentes, distribuíram chocolates enquanto delicadamente iam
pedindo:
-All Aboard!
Please!
De mil em
mil quilómetros a operação repetia-se, motivo pelo qual o Badocha tinha no
tablier do Jipão, um inesgotável fornecimento de gins das melhores marcas e de
uísques das melhores proveniências.
-Não era
preferível trazerem reservas de gasolina? - perguntaram.
E o Badocha,
delicadamente, devolveu a pergunta:
- E o cheiro
a gasolina?
Jorge C.
Chora
8/10/2022
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