Passeava na
sua caleche, com um monograma gravado a ouro, com uma incrustação de espantar,
tal a riqueza de pormenores. A outra porta da caleche, em nada lhe ficava
atrás.
Os bancos
forrados a seda, eram absolutamente extasiantes. Bordados a ouro e a seda,
tinham dado trabalho a dúzias de verdadeiros artistas.
Os aros dos
rodados, pintados a ouro velho, a cada volta que davam produziam, ós de espanto
e inveja, parecendo capturar o sol para os seus rodados.
Mas o mais
curioso de tudo é que se dizia que só o turbante, valia quase o recheio do
palácio, pois era constituído por rubis e pelas mais raras pérolas quaog.
A admiração
pela figura do velho rico, raiava uma verdadeira admiração, um verdadeiro
endeusamento.
Um dia o Sr.
Chang, reconheceu o homem rico como o serviçal da casa apalaçada dos seus antepassados,
na China. Os seus serviços eram utilizados nas latrinas do palacete, para que
ele limpasse o rabo com uma esponja, como era uso na época, aos habitantes da casa. Entrou ao serviço quando era ainda
uma criança e por lá permaneceu longos anos. Tornou-se um fiel amigo do avoengo,
um serviçal de confiança, sendo bem recompensado pelos conselhos que lhe dava.
Libertado
desse serviço, foi dotado de uma considerável fortuna pelos serviços prestados.
Veio para Lisboa e no Terreiro do Paço, naquelas recuadas épocas, fazia um
vistão.
Ming, o neto
do Chang, por vã vaidade, em breve divulgou o antigo emprego a que se dedicava
o antigo empregado do seu antepassado.
Não se
preocupou o ancião, com a divulgação do seu antigo ofício.
Um dia, Ming,
o jovem bisneto do seu antigo patrão, já pobre, devido ao vício do jogo e do
consumo das drogas orientais, foi oferecer-se para o antigo ofício a que se
dedicava o idoso, por ter gastado toda a fortuna da família. Qual não foi o seu
espanto ao encontrar, o lugar para o qual se vinha oferecer, ocupado pela sua
irmã, reduzida à pobreza, até aí a mais rica da família e tratada como uma
verdadeira familiar, pelo grande amigo do seu falecido antepassado.
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Jorge C.
Chora
13/10/2022
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