domingo, 9 de outubro de 2022

UMA RECEPÇÃO MEMORÁVEL

Vinte anos fazia a casa. Tudo foi preparado com pompa e circunstância e a devido tempo. As caves estavam repletas de Moet & Chandon e acepipes de primeira.

O velho e fiel Gaspar, estava, como sempre, de guarda às preciosidades não fosse o diabo tecê-las.

Os convidados foram chegando a pouco e pouco, por ordem inversa de importância, saindo das suas viaturas faiscantes, conduzidas por modelos femininos saídas das telas cinematográficas.

Madame Graetel, fascinante no seu vestido de tule transparente, afivelava o seu sorriso de conquistadora de jovens interessantes, a quem desviava para os cantos do jardim.

Aproximando-se a hora dos acepipes, foram serviços amuse-bouche da melhor qualidade juntamente com rodadas de Moet & Chandon.

Na cave, o velho Gaspar ia-se alampando com o belo Moet, aos quais ia juntado umas velhas zurrapas há muito esquecidas na cave, sobejos das festas dos empregados para que não parecessem vazias.

Madame Graetel fez as honras da casa. Num dia quente, bebeu de um trago a flute que lhe coube, sem notar que era proveniente de garrafa do velho Gaspar.

A seu lado, o gentleman de Las Casas Y Casa Grande, habituado aos sofisticados aromas emanadas pelas deliciosas nádegas, percebeu logo o que se passava. Com um sinal disfarçado, ordenou que lhe trouxessem do seu carro, a caixa de perfumes, e os assistentes foram borrifando o fedorento traseiro da Madame Graetel.

Finda a festa, o velho e guloso Gaspar, teve de beber, todos os dias, em frente de toda a criadagem, as garrafas por ele batizadas, sendo a única concessão feita aos restantes empregados, o uso de máscaras para não ficarem eternamente com caras de que tudo cheirava mal.

Jorge C. Chora

9/10/2022

 

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