Vinte anos fazia a casa. Tudo foi preparado com pompa e circunstância e a devido tempo. As caves estavam repletas de Moet & Chandon e acepipes de primeira.
O velho e fiel Gaspar, estava, como sempre, de guarda às
preciosidades não fosse o diabo tecê-las.
Os convidados foram chegando a pouco e pouco, por ordem
inversa de importância, saindo das suas viaturas faiscantes, conduzidas por
modelos femininos saídas das telas cinematográficas.
Madame Graetel, fascinante no seu vestido de tule
transparente, afivelava o seu sorriso de conquistadora de jovens interessantes,
a quem desviava para os cantos do jardim.
Aproximando-se a hora dos acepipes, foram serviços
amuse-bouche da melhor qualidade juntamente com rodadas de Moet & Chandon.
Na cave, o velho Gaspar ia-se alampando com o belo Moet, aos
quais ia juntado umas velhas zurrapas há muito esquecidas na cave, sobejos das
festas dos empregados para que não parecessem vazias.
Madame Graetel fez as honras da casa. Num dia quente, bebeu
de um trago a flute que lhe coube, sem notar que era proveniente de garrafa do
velho Gaspar.
A seu lado, o gentleman de Las Casas Y Casa Grande,
habituado aos sofisticados aromas emanadas pelas deliciosas nádegas, percebeu
logo o que se passava. Com um sinal disfarçado, ordenou que lhe trouxessem do
seu carro, a caixa de perfumes, e os assistentes foram borrifando o fedorento
traseiro da Madame Graetel.
Finda a festa, o velho e guloso Gaspar, teve de beber, todos
os dias, em frente de toda a criadagem, as garrafas por ele batizadas, sendo a
única concessão feita aos restantes empregados, o uso de máscaras para não
ficarem eternamente com caras de que tudo cheirava mal.
Jorge C. Chora
9/10/2022
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