Pela telha partida do telhado,
viu a
estrela e soube da novidade:
Nascera-lhe um
irmão!
Não dormiu o
resto da noite toda.
Magicou no
que lhe podia oferecer.
Dinheiro não
tinha, só tinha seis anos,
mas tinha a vontade
e a certeza de lhe dar algo!
E foi a
ouvir as ondas do mar a lamberem-lhe a barraca
que decidiu oferecer-lhe
um barco, com velas, leme
camarote de
capitão, leme interior e exterior
para os dias
da acalmia, proteções para bombordo e estibordo,
e uma gávea para
estar com o irmão em dias de tempestade.
Ainda de
madrugada serrou madeiras, cortou mastros,
das suas cuecas
de morangos descoloridos fez velas
e de manhãzinha,
feita a obra, foi ver o mano, abriu a janela
e
segredou-lhe: maninho fica a ver o teu barco, daqui do teu quarto!
Acercou-se
da água, colocou-o no mar e ficou a vê-lo navegar!
Uma onda
grande e inesperada levou-lhe o barco.
Lançou-se ao
mar e foi incapaz de regressar:
-Não te aflijas
mano, eu guardo o barco, até ao dia em que o venhas buscar! e acenava-lhe de
longe, enquanto as ondas a engoliam.
Jorge C.
Chora
12/10/2022
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