sexta-feira, 7 de outubro de 2022

O FADO DA DADINHA

Ninguém soube ou quis

dizer-lhe, os caminhos

e desvios pelo rio tomados,

nem as canas nem as ervas,

incluindo as mais daninhas

para que ele em vão chorasse

a morte da sua amada Dadinha.

Nunca houve mulher mais amada,

nem mais maldosa e fingida

no falso amor dedicado,

a quem tanto a idolatrava.

Banhava-se nua com outro,

deleitava-se no seu néctar,

nos lenços de cambraia

pelo amado oferecido,

com desdém se limpava.

Deitou as roupas ao rio,

fingiu-se de morta e o amante,

nunca mais deixou de a carpir.

Envergonham-se a canas,

as ervas daninhas e os seres

mais pestilentos ali residentes,

das imundas velhacarias da Dadinha,

que continua a deleitar-se,

no mesmo rio, nas mesmas águas,

com todos os incautos que apanha!

         Jorge C. Chora

           7/10/2022

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